
BIÃO
A voz de Canudos
SOBRE
O personagem que guia esta longform conta, por meio da música, a história de um lugar conhecido por muitos pelas páginas dos livros, pelas cenas de filmes e por outras canções. Bião, violonista, cantor, compositor e testemunha escolheu fazer de sua arte uma forma de narrar Canudos. Nos discos Canta Canudos (2002) e Matuto do Cocorobó (2006), ele aborda massacre, partida, volta, território, luta e festa. Suas músicas são memórias de um povo e falam com poesia e ternura sobre uma cidade que o país aprendeu a conhecer primeiro pela destruição.

Canudos, aqui, é cenário e também personagem, tal qual acontece nas canções de Bião. É a terra que precisou ser reconstruída mais de uma vez. Mas, é também o barulho da alvorada em junho, a trezena de Santo Antônio, é lugar de belezas naturais, é a mãe que vê seus filhos indo embora e levando com eles um pedaço do lar.
É desse encontro entre música, memória, identidade e território que esta narrativa se desenrola. As canções de Bião não são só uma trilha sonora das festas do lugar, são também uma forma da comunidade falar sobre si mesma, um olhar para a história a partir dos vencidos, a partir daquilo que ficou. Ao cantar o açude, as árvores, os pássaros, as pessoas, Bião está dizendo o que constitui a identidade canudense.
Nesta longform, seguimos as músicas de Bião em Canta Canudos (2002) e Matuto do Cocorobó (2006). Voltamos ao passado, conhecemos a história do lugar, as memórias de Bião, o que ele diz em suas músicas e como elas se ligam com o canudense. Caminhamos pelo território e visitamos festas. Sentimos a saudade que aqueles que estão longe têm da própria casa, do seu lugar no mundo. Cada fragmento de “Bião: A voz de Canudos” fala um pouco sobre e com cada pessoa que é de Canudos.
Esta narrativa é uma história de como um cantor transformou em poesia e deslocou do esquecimento para a eternidade aquilo que poderia ter se afogado sob às águas do Cocorobó ou morrido nas lembranças daqueles que já se foram. Aqui, falamos sobre Canudos a partir de Bião e tentamos entender o sentimento de pertencimento de quem se reconhece como canudense. Mais do que isso, refletimos sobre como, a partir da obra de Bião, histórias, cenários e memórias são resgatadas, favorecendo a constituição da identidade e da cultura de um lugar.